Beatriz Santiago Muñoz

Vista da video-instalação [view of the video-installation] <i>El cuervo, la yegua y la fosa</i> [O corvo, a égua e o poço] (2021), de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da video-instalação [view of the video-installation] El cuervo, la yegua y la fosa [O corvo, a égua e o poço] (2021), de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da video-instalação [view of the video-installation] <i>El cuervo, la yegua y la fosa</i> [O corvo, a égua e o poço] (2021), de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da video-instalação [view of the video-installation] El cuervo, la yegua y la fosa [O corvo, a égua e o poço] (2021), de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do vídeo [view of the video] <i>Portrait of Guy Regis Jr.</i> [Retrato de Guy Regis Jr.], de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do vídeo [view of the video] Portrait of Guy Regis Jr. [Retrato de Guy Regis Jr.], de [by] Beatriz Santiago Muñoz, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Em um de seus ensaios, Beatriz Santiago Muñoz (1972, San Juan, Porto Rico) propõe pensar a prática cinematográfica de forma análoga à realização de um ritual, na mesma medida em que um ritual transforma as condições de atenção e percepção de seus participantes, numa dinâmica em que os papéis e as posições se tornam fluidos e intercambiáveis. Propõe também deslocar o foco do pensamento cinematográfico, da experiência do espectador para os estados de consciência e a atuação dos envolvidos na realização de uma obra. Daí que, embora sejam evidentes as aproximações dos processos de Muñoz com o cinema etnográfico – incluindo o cuidado em pesquisar contextos e buscar proximidade com os participantes pelo convívio prolongado –, ela esteja sempre disposta a subverter as convenções desse modelo. Seus filmes e instalações justapõem registros documentais, memórias históricas, descobertas ao acaso, investigações materiais e explorações ficcionais. 

Em vários dos seus trabalhos recentes, como na instalação proposta para a 34ª Bienal, os limites do que pode ser entendido como cinema são cuidadosamente expandidos, do ponto de vista físico, em várias etapas do processo de produção e apresentação do trabalho. A artista utiliza, na revelação dos filmes, agentes químicos obtidos artesanalmente de plantas locais. Na instalação, ela também incorpora objetos (em alguns casos, objetos já utilizados na filmagem) que, colocados na frente da lente, distorcem e alteram a projeção. Ao deslocar a ênfase das imagens em si para o processo de revelação e projeção, Muñoz evidencia também a qualidade física, ou escultórica, do cinema.  

Tendo Porto Rico como ponto de partida, vários de seus filmes colaboram para a constituição de um imaginário de um Caribe autenticamente descolonizado, alicerceado em formas alternativas de ver e viver as contradições da região, e é por isso que em sua obra Muñoz tem abordado desde o choque entre uma ideia de progresso “importada” e a riquíssima cultura local, até exemplos de hibridações de vários tipos, como a tradução da Recherche de Proust para o crioulo realizada pelo escritor e diretor teatral haitiano Guy Régis Jr. 



A artista conversou com o público da Oficina Cultural Oswald de Andrade no dia 12 de novembro de 2019. Confira:

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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