Musa Michelle Mattiuzzi

Vista da obra [view of the artwork] <i>2021: Spell to Become Invisible</i> [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] 2021: Spell to Become Invisible [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>2021: Spell to Become Invisible</i> [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] 2021: Spell to Become Invisible [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>2021: Spell to Become Invisible</i> [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] 2021: Spell to Become Invisible [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>2021: Spell to Become Invisible</i> [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] 2021: Spell to Become Invisible [2021: Feitiço para ser invisível] (2019), de [by] Jota Mombaça, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Musa Michelle Mattiuzzi (1983, São Paulo, SP. Vive em Berlim, Alemanha) é performer, artista visual, diretora de cinema, escritora e pesquisadora do pensamento radical negro. Musa Michelle Mattiuzzi investiga as marcas da violência colonial, sexista e racista deixadas em seu próprio corpo, e os estigmas sociais e históricos que constituem a subjetividade da mulher negra no Brasil. Em suas performances, ela se apropria dos mecanismos de objetificação e de exotização do corpo feminino negro, e subverte-os: eles passam a ser instrumentos de visibilidade e de reconhecimento de um corpo que é, ao mesmo tempo, objeto de desejo e desumanização pelo imaginário cisnormativo branco. Mattiuzzi interessa-se pela potência do corpo monstrificado, desmedido e não simétrico. Suas ações, nas palavras da artista, “são micropolíticas de resistência” que a livram “da rejeição do próprio corpo, o que significa ir em sua direção a toda velocidade na vontade de viver, re-existir”. A artista busca, em sua poética,  estratégias de reinvenção e reencenação tanto de raça quanto de gênero e sexualidade. 

Experimentando o vermelho em dilúvio (2016) integra a trilogia Memórias da plantação, composta por outras duas ações (Merci beaucoup, blanco!, 2017 A dívida impagável, 2018) em que Musa Michelle Mattiuzzi aprofunda sua reflexão sobre o que ela mesma define como “construção poética radical negra brasileira”. Se autoras como Grada Kilomba e Denise Ferreira da Silva constituem referências explícitas na preparação desses trabalhos, eles aludem também a performances históricas como Interior Scroll [Pergaminho interior] (1975), de Carolee Schneemann. Mattiuzzi insere, assim, a luta pela afirmação racial na linhagem expandida da performance como plataforma privilegiada, no âmbito da arte contemporânea, para a reivindicação de mudanças na sociedade como um todo. O filme é a elaboração poética de uma violência histórica, e de certa forma catártica a ação performática realizada pela artista no Rio de Janeiro, na qual percorreu, numa espécie de ritual ou de via crucis, o caminho que leva ao monumento que é a cabeça de Zumbi dos Palmares  líder abolicionista brasileiro, numa reencenação alegórica dos sofrimentos e das violências a que a população negra brasileira foi submetida ao longo de séculos e até hoje. 

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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