Christoforos Savva

Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da yfasmatografia [yfasmatography] <i>Red Goat</i> [Cabra vermelha] (1961), by Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da yfasmatografia [yfasmatography] Red Goat [Cabra vermelha] (1961), by Christoforos Savva na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Christoforos Savva (1924, Marathovounos, Chipre – 1968, Sheffield, Reino Unido), foi provavelmente o artista cipriota mais importante do século 20. Nascido em um vilarejo na que hoje é a parte turca da ilha, Savva lutou na Segunda Guerra Mundial pelo exército inglês (numa companhia de soldados provenientes de colônias britânicas, entre as quais estava Chipre naquele momento), o que lhe permitiu estudar em Londres e depois em Paris após o término da guerra. No final dos anos 1950 regressou ao Chipre, radicando-se em Nicosia. Lá, num período de tempo bastante curto, produziu um conjunto único de pinturas, esculturas, objetos de mobiliário, elementos arquitetônicos, experimentações muito livres com arame e cimento, e uma série de patchworks com sobras de tecido, por ele mesmo apelidados de yfasmatografias (literalmente: escritas ou desenhos em tecido). Com a mesma naturalidade com que passava de uma técnica para outra, Savva podia produzir no mesmo período obras figurativas e abstratas, como se técnica e questões estilísticas não o preocupassem, de certa forma sugerindo que o cerne do seu trabalho artístico se localizava além das obras, no próprio mundo. 

Em maio de 1960, recém-chegado a Nicosia, Savva havia fundado com o pintor galés Glyn Hughes Apophasis, um centro cultural independente, inédito na novíssima República do Chipre, que acabara de ganhar a independência. Apophasis significa “decisão”, e a diversidade dos eventos lá organizados demonstra o quanto a decisão de criar um espaço era um gesto extremamente consciente e necessário de abertura e ruptura com o que, até então, entendia-se por arte: além de exposições dos dois fundadores e de outros artistas da mesma geração, o espaço apresentou performances, peças teatrais, leituras de poesia, sessões de filmes, uma mostra de desenhos de crianças e, principalmente, uma coletiva de artistas cipriotas de língua e cultura grega e turca, uma declaração de intenções particularmente corajosa, considerando que as fraturas étnicas que levariam em 1974 à sangrenta divisão da ilha já eram mais que evidentes. Poder-se-ia dizer até que a dinâmica e eclética atividade de Apophasis constituiu um contraponto institucional à liberdade estilística da obra de Savva na mesma época, na qual conviviam citações, materiais, técnicas e tradições artísticas quase contrastantes (da arte clássica grega e africana até o artesanato local, passando por arte popular, arte informal e arte pop). Todos os âmbitos de atuação do artista, nesse sentido, refletiam de maneira coerente e consciente os contrastes que marcavam a vida em Chipre naqueles anos, e a escolha de fundir influências distintas sem criar um juízo de valor ou estabelecer hierarquias, assim como o uso de técnicas distintas, sugerem a necessidade de se manter aberto ao próximo e ao diferente, inclusive ou mais ainda quando os tempos parecem sugerir outra postura (o que faz de Savva, evidentemente, um artista extremamente atual e necessário nos tempos que vivemos).

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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