Mauro Restiffe

Vista das obras de [view of the artworks by] Mauro Restiffe na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
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Vista das obras de [view of the artworks by] Mauro Restiffe na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Mauro Restiffe na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Há, em cada uma das séries fotográficas de Mauro Restiffe (1970, São José do Rio Pardo, SP, Brasil) e, mais ainda, no conjunto da sua obra, uma harmonia que deriva da maneira como o artista olha o mundo, sobrepondo e quase fundindo as relações e experiências pessoais com as arquiteturas, as cidades e os espaços por onde ele passa. Mesmo quando seria possível enquadrar suas fotografias no gênero “de arquitetura”, por exemplo, elas são caracterizadas por uma temperatura muito peculiar, que as torna imediatamente reconhecíveis. A série que retrata a Glass House de Philip Johnson é, nesse sentido, extremamente reveladora: a arquitetura em si quase não aparece, fragmentada numa sequência de planos e elementos (os vidros externos, a paisagem que se reflete neles, as obras de arte, o mobiliário...) que se entrecortam e sobrepõem, construindo a impressão de uma casa realmente viva. 

Nas fotografias de Restiffe ficam cristalizados a atmosfera de um lugar e o significado de um momento. A presença do tempo se faz quase tangível em algumas das séries de maior respiro, como a realizada na Rússia em 2015. Convidado para acompanhar e registrar a construção da nova sede de um centro cultural em Moscou, Restiffe, que havia residido no país no começo dos anos 1990, não se limitou ao trabalho comissionado. Em vez disso, produziu uma série de obras em que a transformação do país após a era soviética se entrelaça com uma meditação sobre a passagem do tempo, através da combinação de fotos realizadas num intervalo de duas décadas, que mostram tanto a transformação dos lugares quanto, cabe imaginar, das pessoas que os habitam ou passam por eles, incluído, naturalmente, o próprio fotógrafo. 

Na grande instalação concebida para a 34ª Bienal, o artista opera de maneira análoga, mas transcende o plano pessoal ao justapor dois momentos marcantes da história recente do país. Fotografias da série Empossamento (2003), uma das mais icônicas e conhecidas de Restiffe, realizada em Brasília no dia da primeira posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (01 de janeiro de 2003), são justapostas às da série Inominável, realizadas exatamente 16 anos mais tarde, no dia da posse de Jair Bolsonaro. Os contrastes, as semelhanças, as analogias e as discrepâncias entre as duas séries são ao mesmo tempo enfatizadas e condensadas por essa aproximação. Sem contar com uma legenda explicativa de cada imagem, cabe ao espectador analisar os elementos da composição de acordo com suas próprias expectativas de significação e sentido. No âmbito de uma mostra que se debruça sobre o modo como os significados de uma obra de arte se estratificam e matizam ao longo do tempo, esse trabalho introduz também uma reflexão sobre a própria história da Bienal e das obras que aqui foram expostas, considerando que a série Empossamento foi mostrada por primeira vez na 27ª Bienal de São Paulo (2006).

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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