Antonio Vega Macotela

Vista da instalação [view of the installation] <i>The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets</i> [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets</i> [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets</i> [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] The Q’aqchas ballade: Ghost Blankets [A balada dos Q’aqchas: cobertores fantasmas] (2021), de [by] Antonio Vega Macotela, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan /.Fundação Bienal de São Paulo

Os projetos de Antonio Vega Macotela (1979, Cidade do México, México) são desenvolvidos por meio de longos processos de pesquisa e trabalho de campo, em diálogo com comunidades específicas. A sua prática artística está intimamente relacionada com esses contextos, em geral sistemas semifechados, como a prisão ou a mina, onde os indivíduos trabalham em estado clandestino ou precário. O resultado dos processos, bem como das trocas que se criam entre os grupos, dependem dos laços de confiança e de troca que o artista desenvolve. As relações convencionais de exploração e subordinação entre os corpos e o poder do capital são subvertidas no trabalho de Macotela, que propõe formas de produção e interação mais humanas e equitativas, não baseadas no dinheiro. 

Em 2016, Macotela começou a viajar com um grupo de hackers por diferentes geografias do planeta, desenvolvendo com eles um vínculo de compreensão e confiança. Desta relação surge o trabalho que será apresentado na 34a Bienal, em que o artista relaciona as atividades do grupo de hackers com as dos Q'aqchas, mineiros ilegais ativos no século 18 na região de Potosí, na Bolívia. Mantendo as distâncias no tempo, Macotela estabelece paralelos entre as estruturas de poder que circundaram os dois contextos: de um lado, o sistema colonial da Nova Espanha na Bolívia, e de outro, o capitalismo da era atual. Em ambos os casos, diferentes tecnologias de controle e dominação foram aplicadas, gerando formas de desigualdade e acesso a bens e informações essenciais. Os Q'aqchas foram especialmente perturbadores para o sistema colonial, uma vez que se organizaram em torno de diversos grupos étnicos e trabalhavam durante os dias que a Igreja Católica determinou como feriados. Assim como os Q'aqchas, os hackers também operam nos buracos dos sistemas, só que ao invés de explorar o mineral, extraem informações, matéria-prima básica da economia atual.

Para seu projeto, Macotela concebeu uma série de biombos de tecido, inspirados nos biombos trazidos dos países asiáticos para a nova Espanha, nos quais foram pintadas cenas mitológicas em sintonia com o poder do vice-reino. Os tecidos desenvolvem uma narrativa baseada nas histórias escondidas dos Q'aqchas, que foram excluídas da história oficial. Os tecidos foram feitos utilizando teares Jacquard, máquina que tem raízes históricas similares às da evolução da imagem digital. Embora à primeira vista os painéis contenham uma ficção inspirada numa história antiga de Carnaval, compartilhada por esse grupo de mineiros, para aqueles que souberem desvendá-las elas carregam também informações atuais sobre as relações entre os sistemas políticos de vários países latino-americanos e as grandes multinacionais, criptografadas na textura do tecido. Por motivos de segurança, o grupo de hackers que desenvolveu as informações permanece anônimo.

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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