Guan Xiao

Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras de [view of the artworks by] Guan Xiao na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

O trabalho de Guan Xiao (1983, Chongqing, China) parte de sua própria experiência na internet e da maneira pela qual nossas percepções visuais e auditivas são redefinidas quando navegamos neste mundo de informações e imagens. Ao contrário do que ocorre na tendência artística contemporânea identificada como “pós internet”, o trabalho de Guan Xiao não se refere à rede como objeto de pesquisa ou como meio de divulgação: Xiao explora a rede como uma atenta consumidora. Sua extensa coleção de imagens, paradas e em movimento, constitui frequentemente o ponto de partida de suas esculturas, vídeos e instalações, nas quais a artista aproxima e sobrepõe fenômenos diversos seguindo uma lógica própria. Para ela, todos os elementos do mundo – vivos ou não vivos, imagéticos ou reais, naturais ou artificiais, artesanais ou industriais – são equivalentes em seu estado e devir, e parte de seu trabalho consiste em evidenciar essa paridade. 

Em seus vídeos, Xiao justapõe imagens encontradas na Internet, aparentemente desconexas, mas que ao serem colocadas lado a lado se tornam inexplicavelmente ressonantes. Elas não têm origem, história ou contexto e, nesse sentido, a operação proposta pela artista evidencia a realidade fragmentada em que vivemos, de exacerbada circulação e reprodução iconográfica. Também em suas esculturas, a artista combina objetos antigos e tradicionais a novidades tecnológicas e outros itens procedentes da indústria – como peças de motocicleta, motores e lâmpadas – e adiciona ainda elementos abstratos que flertam com a iconografia tradicional chinesa. Tal justaposição de artefatos e elementos aparentemente contraditórios não visa uma leitura comparativa da genealogia dos objetos. Ao contrário, Xiao se interessa pela existência e convivência destes elementos e pelo sentido que podem ter quando associados no momento presente – ela refuta a ideia de que as coisas são fixas e cognoscíveis. “O passado primordial e o futuro que ainda está por vir, ou pode nunca vir, são indistinguíveis”, diz a artista, para quem a única realidade que compartilhamos é o presente. Os estranhos objetos escultóricos de Xiao aludem a formas de vida alienígena ou futurísticas, sugerindo uma espécie de animismo. Marcadas pelo humor, pelo exagero e pelo absurdo, essas obras parecem propor algumas alternativas ficcionais sobre como habitar o planeta Terra em um contexto de grande influxo de informações e de tecnologias. A artista não nos leva a sólidas conclusões, mas abre a possibilidade de dúvida sobre nossas perspectivas a respeito do tempo, do espaço e das identidades. 

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
Compartilhe
a- a a+