Lothar Baumgarten

Vista da obra [view of the artwork] <i>Monument for the Native Societies of South America</i> [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Monument for the Native Societies of South America [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>Monument for the Native Societies of South America</i> [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Monument for the Native Societies of South America [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>Monument for the Native Societies of South America</i> [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Monument for the Native Societies of South America [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>Monument for the Native Societies of South America</i> [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Monument for the Native Societies of South America [Monumento às Sociedades Nativas da América do Sul] (1978-1982), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da projeção de slides [view of the slides projection] <i>Unsettled Objects</i> [Objetos não resolvidos] (1968-69), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da projeção de slides [view of the slides projection] Unsettled Objects [Objetos não resolvidos] (1968-69), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da projeção de slides [view of the slides projection] <i>Unsettled Objects</i> [Objetos não resolvidos] (1968-69), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da projeção de slides [view of the slides projection] Unsettled Objects [Objetos não resolvidos] (1968-69), de [by] Lothar Baumgarten, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Lothar Baumgarten (1944, Rheinsberg, Alemanha – 2018, Berlim, Alemanha) herdou seu conhecimento dos métodos e estética etnográficos, assim como seu interesse pela relação europeia com os povos e as culturas indígenas, de seu pai antropólogo. Ao mesmo tempo, ele compartilhava uma consciência das estruturas de poder e de sua conexão com sistemas epistemológicos com alguns artistas de sua geração. A combinação desses interesses e pontos de vista permitiu a Baumgarten distanciar-se e formar uma perspectiva analítica da construção eurocêntrica do conhecimento. Isso e sua experiência concreta de viver com os Yanomami.

Desde suas primeiras obras, Baumgarten estava interessado nos sistemas de informação  e na tradução de ideias através de culturas e épocas. As implicações políticas desses processos também foram centrais para sua obra e seu pensamento. Ele interrogou continuamente um dos temas mais complexos da história ocidental: a exploração das culturas, das terras e dos corpos indígenas. Baumgarten examinou metodologias e coleções científicas, que não via senão como parte da violência colonial perpetrada por “descobridores”, “conquistadores” e exploradores. Isso é evidente em obras como Unsettled Objects [Objetos não resolvidos] (1968-69), uma projeção de 81 slides de imagens do Pitt Rivers Museum, em Oxford. Às fotografias das vitrines museológicas contendo artefatos etnográficos é sobreposta uma lista de adjetivos, tais como exposto, imaginado, celebrado, perdido, colecionado, esquecido, valorizado, estereotipado, polido e ignorado.

Em 1978 e 1979, Lothar Baumgarten viveu com os Kashorawë e os Yapitawë-theri, duas aldeias yanomami, na região da fronteira entre Venezuela e Brasil. Durante esse período, o artista produziu uma série de filmes, fotografias e gravações de áudio, documentando o ambiente e a vida cotidiana que estava experimentando. Ao mesmo tempo, ele colecionou desenhos em seus cadernos, criando um diálogo gráfico entre suas anotações e aquelas feitas pelos Yanomami. Esses 18 meses de coexistência na Amazônia mudaram a visão de mundo de Baumgarten e sua prática artística.

A obra de Baumgarten Monument for the Native Societies of South America  [Monumento para as sociedades nativas da América do Sul], originalmente apresentada na Documenta de Kassel, em 1982, também será exposta na 34ª Bienal. A instalação consiste em uma pintura na parede com os nomes de povos indígenas da América do Sul – alguns sobreviventes, alguns extintos; todos ameaçados ou já exterminados pela violência colonial, por doenças europeias, e pela destruição da floresta causada pela economia extrativista. As nomes estão pintados no concreto do pavilhão modernista no Parque do Ibirapuera, uma terra que foi outrora território tupi. Em tupi, ibirá significa árvore e o sufixo puera designa algo que pertence ao passado. Ibirapuera pode ser traduzido como árvore velha ou madeira podre, mas também pode nos fazer pensar sobre nossas cidades modernistas, e sobre tudo o que o nosso modo de vida urbano transformou em coisas do passado.

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
Compartilhe
a- a a+