Fortaleza, CE

Obras de [works of] Gustavo Caboco, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Gustavo Caboco, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Gustavo Caboco, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Gustavo Caboco, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Alice Shintani, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Alice Shintani, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] E. B. Itso, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] E. B. Itso, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Jaider Esbell, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Jaider Esbell, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Daiara Tukano, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Daiara Tukano, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Jungjin Lee, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz
Obras de [works of] Jungjin Lee, Espaço Cultural Unifor © Ares Soares / Fundação Edson Queiroz

A itinerância da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto será aberta em Fortaleza no dia 6 de setembro de 2022, no Espaço Cultural Unifor. A exposição segue até 4 de dezembro na cidade e foi viabilizada através de parceria da Fundação Bienal de São Paulo com a Fundação Edson Queiroz, do Estado do Ceará. 

A exposição é organizada a partir de três enunciados: Cantos Tikmũ’ũnA imagem gravada de Coatlicue e Hiroshima mon amour de Alain Resnais.  

Os Tikmũ’ũn, também conhecidos como Maxakali, são um povo indígena originário de uma região compreendida entre os atuais estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Após inúmeros episódios de violências e abusos, os Tikmũ’ũn chegaram a beirar a extinção nos anos 1940 e foram forçados a abandonar suas terras ancestrais para sobreviver. Os cantos organizam a vida nas aldeias, constituindo quase um índice de todos os elementos que estão presentes em seu cotidiano – plantas, animais, lugares, objetos, saberes – e envolvendo sua rica cosmologia. Na itinerância da 34ª Bienal de São Paulo, ao redor desse enunciado agrupam-se obras que têm entre seus disparadores reflexões sobre a necessidade de preservação do meio-ambiente e de salvaguarda de culturas e conhecimentos que são transmitidos oralmente de geração em geração, como os próprios cantos Tikmũ’ũn.

Sobre o enunciado A imagem gravada de Coatlicue
Em 13 de agosto de 1790, um grupo de trabalhadores que fazia escavações na Praça Central da Cidade do México descobriu uma estátua, retratada e identificada pelo astrônomo e antropólogo Antonio de León y Gama como Teoyaomiqui. Na verdade, era a deusa Coatlicue, também conhecida como Dama de la Falda de Serpientes [Senhora da saia de serpentes]. Na mitologia asteca, Coatlicue, padroeira da vida e da morte, era a mãe de Huitzilopochtli, deus da terra, e representava a fertilidade. A estátua de Coatlicue foi levada para a Universidade Real e Pontifícia do México como uma relíquia do passado mesoamericano mas, depois de algumas deliberações, as autoridades espanholas decidiram enterrá-la novamente, suspeitando que a senhora da saia de serpentes pudesse desencadear uma revolução. Em 1804, um curioso Alexander von Humboldt pediu para vê-la durante sua visita à Nova Espanha. As crônicas narram que o explorador alemão começou a desenhá-la sem, no entanto, completar a ilustração: os religiosos da universidade tornaram a escondê-la sob a terra, talvez temendo que seu poder se tornasse incontrolável, e Humboldt teve que soltar as rédeas de sua imaginação para imortalizar a aura poderosa de Coatlicue em seus esboços.

Sobre o enunciado Hiroshima mon amour de Alain Resnais
Diante do trauma inenarrável, o que podem contar um museu, um monumento, uma ruína ou uma cicatriz? “As reconstruções, por falta de outra coisa”, “As explicações, por falta de outra coisa”, “As fotografias, por falta de outra coisa”, diz Ela, a protagonista (francesa) de Hiroshima mon amour, o clássico dirigido por Alain Resnais em 1959, na sequência inicial do filme. Ela se refere ao que encontrou em Hiroshima quase quinze anos após o bombardeamento que vitimou mais de 160 mil pessoas, mas poderia estar falando também daquilo que é encontrado por quem visita os campos de concentração nazistas, ou mesmo os museus repletos de despojos da colonização. Mas os objetos, as fotografias, as explicações, as reconstruções não são suficientes para entender. Hiroshima mon amour não busca explicar, nem reconstruir, mas apalpar a opacidade e a intraduzibilidade do testemunho. 

Na itinerância da 34ª Bienal de São Paulo, ao redor desses dois enunciados agrupam-se obras que dialogam com questões como alteridade e opacidade – sendo este último um conceito do autor Édouard Glissant, uma das referências teóricas desta edição da mostra. 

Serviço
34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto
Programa de mostras itinerantes

Espaço Cultural Unifor  – Campus da Universidade de Fortaleza
Fortaleza (CE)
06 de setembro  04 de dezembro 2022
av. Washington Soares, 1321. Bairro Edson Queiroz
terça – sexta, 9h – 19h
sábado e domingo, 10h – 18h
entrada gratuita

 





  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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